sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Anna... uma Menina Inteligente...


Adoro navegar e especialmente quando me divirto com isso.

Em busca de algo divertido para vos deixar este fim-de-semana, deparei-me com o avanço da tecnologia e de como se pode sempre dar respostas airosas às mais loucas perguntas.

Sabes quem é a Anna? É a ajuda interactiva do
Ikea e está lá para nos ajudar a adquirir produtos desta multinacional.

Mas, a Anna é mais do que isso. É que ela responde airosamente, a todas as perguntas que lhe façam, mesmo as mais embaraçosas, sem corar e sempre com um sorriso maroto!

Divirta-se indo ao
Ikea e clique no canto superior direito, na Anna, e faça-lhe perguntas como:

- Tens namorado?
- Quanto ganhas no Ikea?
- Onde vives?
- Faça-lhe ainda, uma pergunta de matemática complicada…

Ou então, siga o exemplo destes nossos amigos internautas
Links Interessantes e Uma espécie de Blog... e faça-lhe outras perguntas mais íntimas… O resultado é surpreendente!




Comece o fim de semana com o sorriso da...

domingo, fevereiro 24, 2008

Poesia 2008...

Pintura de Irene Sheri


É do conhecimento dos visitantes e Amigos deste blogue, da predisposição do Menina Marota, na divulgação de poetas e escritores desconhecidos, que se encontram na blogosfera.

Desde o nascer do
Poesia Portuguesa, projecto que visa, essencialmente, divulgar e descobrir, poetas anónimos de língua Portuguesa e também ao divulgar assiduamente, um outro local, dedicado a autores conhecidos e desconhecidos, que é um enorme incentivo à divulgação de poetas anónimos, o audioblogue Lugar aos Outros, de Luís Gaspar, que a autora dinamiza ou participa em vários eventos, tendo como finalidade exclusiva, a divulgação de poesia e escritores.

Neste contexto, o Menina Marota já apadrinhou algumas iniciativas louváveis, uma delas promovida pelo Henrique Sousa, do
Ora, Vejamos… num concurso de Contos, que teve uma aderência fantástica e em que os prémios, foram divididos entre autores, Portugueses e Brasileiros.

É nesta base, que o Menina Marota incentiva, todos aqueles para quem a Poesia, é uma forma de estar e sentir a vivência das emoções, a concorrer ao novo Concurso do
Ora, Vejamos… que este ano é precisamente de… Poesia.

O Regulamento de Concurso, já se encontra afixado
aqui e está aberto a todos, portugueses, brasileiros e outros lusófonos espalhados pelo Mundo…

Os prémios de 500, 250 e 100 euros para 1.º, 2.º e 3.º prémios e no final, será editado um Livro de Poemas, com a poesia distinguida e dos restantes concorrentes.



Mãos à Obra… Poetas!

sábado, fevereiro 23, 2008

Aquela Ilha esquecida


Pintura de Max Szoc Leuven


Aquela Ilha esquecida
Que eu habito adormecida
Que, à noite, eu vou habitar;

Aquela Ilha encantada
Que não se encontra de dia,
Pois fica na madrugada;

A Ilha não descoberta,
Onde a criptoméria aberta
Espalha em volta o luar;

A Ilha desconhecida
Que pelos caminhos do sonho
Se mostra a quem a buscar.

Àquela Ilha distante,
Não há ninguém que se afoite ...

Aquela Ilha esquecida
Que só tem um habitante:
Eu que lá vivo de noite ...



(Poema de Natália Correia)

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Nanny

Imagem de autor desconhecido


Nanny

a noite
passada
te vi
ousada
tentada
dançavas
colada
sorrias
sonhavas
tangavas
prazias
sem fim
nos braços
de outro
fugindo de mim.

teus olhos
fulgentes
brilhavam
contentes
sorriam
mentiam
oh céus!
cruzavam
com outros não meus!

Nanny!
a noite
passada
folgavas
fruías
bailavas
e rias
sem pena
de mim.
quisera
Nanny
não foras assim.

teus lábios
carnudos
sorriam
tão mudos
teus braços
desnudos
d’ abraços
teúdos
fugiram
de mim.
prouvera
Nanny
não foras assim.

oh Deus!
meus olhos
banhados
de lágrimas
fugiram
irados
dos teus.
ciúme
senti.
lograste
Nanny
fugir
de mim?
assume
Nanny
porqu'és tu assim?

Nanny
a noite
passada
te vi.
transavas
com outro
sorrias
tangavas
cantavas
curtias
beijavas
fugindo
p’ra sempre
de mim!


a quem descaradamente "roubei" este belo momento...


Música:Gotan Project – Santa Maria (Del Buen Ayre)

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Promessa cumprida...

Num comentário no post anterior, o Lourenço Anes diz num tom triste, que o Menina Marota não usava o prémio, que eles lhe tinham dado.


E tinha toda a razão!

E como costumo cumprir as minhas promessas que, por um lapso de memória, não o fiz atempadamente, aqui estou muito carinhosamente, a agradecer não só ao
Calçadão de Quarteira a gentileza desta atribuição, mas a todos os que, com a sua presença e comentários, conseguiram a continuidade deste blogue.

É efectivamente, a todos os que me têm acompanhado, nestes quase cinco anos de blogosfera, (entre o início, do meu primeiro blogue e os que se lhe seguiram…) que agradeço, o carinho e companheirismo, que me têm dedicado.

Sei que não tenho estado presente, nas vossas “casas" como gostaria, mas a Vida é assim mesmo, com altos e baixos, com factos e circunstâncias que, por vezes, nos afasta daquilo que gostamos de fazer.

Apesar de não visitar alguns, não por esquecimento, mas por falta de oportunidade, continuam no meu coração e é para todos, que afinal, esta minha página existe, bem como outras, também...

"Cada pessoa que passa pela nossa vida passa sozinha, mas não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós."

É para todos, que são a razão da existência do Menina Marota, este…



Prémio atribuído por Calçadão de Quarteira



Obrigada a todos


Letra para um Hino
É possível falar sem um nó na garganta.
É possível amar sem que venham proibir.
É possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.

É possível andar sem olhar para o chão.
É possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros.
Se te apetece dizer não, grita comigo: não!

É possível viver de outro modo.
É possível transformar em arma a tua mão.
É possível viver o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.

Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre, livre, livre.


(Poema de Manuel Alegre

 in, "O Canto e as Armas")

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Encontro...

Imagem de Ruth Bernard



Como se um raio mordesse
meu corpo pêro rosado
e o namorado viesse
ou em vez do namorado

um novilho atravessasse
meus flancos de seda branca
e o trajecto me deixasse
uma açucena na anca

como se eu apenas fosse
o efeito de um feitiço
um astro me desse um couce
e eu não sofresse com isso

como se eu já existisse
antes do sol e da lua
e se a morte me despisse
eu não me sentisse nua

como se deus cá em baixo
fosse um cigano moreno
como se deus fosse macho
e as minhas coxas de feno

como se alguém dos espaços
me desse o nome de flor
ou me deixasse nos braços
este cordeiro de amor



Poema de Natália Correia

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Tango assassino...

Pintura de Thierry Garnier-Lafond


No teu olhar conquistado,
de violino sentido,
marco-te o tempo certo,
em vagas curtas de silêncios
e largos pedaços de mágoas.

No nosso corpo agitado,
domado por pianos malditos,
voamos na matriz da guitarra
ao som de um amor livre na prisão,
carrasco e escravo que nos mata
a cada passo pisado
na dança arrebatada da paixão.

Visito o teu sorriso guardado,
que me abraça,
enroscado da ternura descoberta.
Viajas no teu feitio
estreito de viola,
de olhar abandonado no cais,
onde fundeio o meu instinto
à espera de ti, matador,
num morrer por ti despido.

Mergulhamos, neste bailado insano,
até ao fundo dos mares.
Dançamos um tango assassino
até sufocar os sentidos,
até que estas chamas nos matem
em tempestades de vida.

Poema gentilmente enviado pelo
Nilson Barcelli

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Momentos...



O mar está encrespado, mas no seu interior detecto vultos ondulantes, que desafiam a força da natureza. Sorrio interiormente. Como gostaria de ter a coragem deles, despir-me ali em pleno areal e mergulhar nas ondas espumosas e frias, desafiando a natureza.

Instintivamente descalço-me, mergulhando os pés nus, na onda que se espraia neles…

A temperatura está amena e sinto uma alegria interior percorrer-me. Sinto o sol aquecer-me o rosto e o meu cabelo esvoaça, de um lado para o outro, como que acompanhando a dança das gaivotas, que rondam ali perto.

Sorrio.

Tenho uma relação muito pessoal com as gaivotas, desde aquela manhã em que tive um encontro imediato, com
esta

O sol convida ao passeio e por momentos, esqueço-me das minhas responsabilidades, continuando a sentir a areia já seca, que se enrola nos meus pés, dando-me um prazer infinito.

São estes momentos que aquecem a minha alma; as minhas reservas de alegria, enchem-se de uma forma cristalina, como a água que brota pura da terra.

O meu olhar pára, de repente, na figura que se aproxima de mim. A praia encontra-se deserta, mas não sinto medo. Como se uma força positiva, fosse transmitida pela sua figura.

Quando os nossos olhares se cruzaram, tal como o olhar da gaivota, tudo à minha volta, deixou de existir. Foi um único momento, em que aquele rosto, sulcado de rugas, de olhar profundo, largo casaco vestido, me olhou. E ao olhar-me, foi como se todas as forças do universo estivessem ali.

Virei-me de repente, seguindo-o com o olhar, enquanto ele lentamente, seguia o seu caminho…

Quando o perdi de vista, deixei-me cair na areia, de rosto voltado para o Sol, que entretanto, iniciara o seu mergulho no Mar. Algo no semblante daquele desconhecido, me tinha comovido.

E como num flash, recordei o Mendigo de Urbano Reis, de São Paulo e o seu notável Testamento…




Se eu fizer um testamento, pra quem eu vou deixar,
meu chapéu todo amassado, onde escuto o tilintar
das moedas que me dão, os que têm a alma boa,
os que têm bom coração?

E, antes que a vida me largue, pra quem é que eu vou deixar,
o grande estoque que tenho das palavras "Deus lhe pague"?
Pra quem é que eu vou deixar, se fizer um testamento,
todas as folhas de outono que, trazidas pelo vento,
vêm meus pés atapetar?

Se eu fizer um testamento, pra quem é que vou deixar
minhas sandálias furadas, que pisaram mil caminhos,
cheias de pó das estradas, estradas por onde andei
em andanças vagabundas?

Pra quem eu vou deixar minhas saudades profundas
dos sonhos que não sonhei?

Se eu fizer um testamento, pra quem é que vou deixar,
meu cajado, meu farnel, e a marca deste beijo
que uma criança deixou em meu rosto perguntando
se eu era Papai Noel?

Pra quem é que eu vou deixar, se fizer um testamento,
este pedaço de trapo que no lixo eu encontrei
e que transformei em lenço para enxugar minhas lágrimas,
quando fingi que chorei?

Pra quem eu vou deixar, se fizer um testamento,
os bancos dos meus jardins, onde durmo e onde acordo,
entre rosas e jasmins?

Pra quem é que vou deixar, todos os raios de luar
que beijam minhas mãos quando, num canto de rua,
eu as ergo em oração?

Se eu fizer um testamento... Testamento não farei!
Sem nenhum papel passado, que papéis eu não ligo,
agora estou resolvido: O que tenho deixarei,
na situação em que estou, pra qualquer outro mendigo,
rogando a Deus que o faça, depois que eu tiver morrido,
ser tão feliz quanto eu sou.

Testamento de Urbano Reis

Imagens daqui

domingo, fevereiro 03, 2008

Falar de... nós.

" ... e a simpatia dos teus comentários, a leitura do teu blogue, ajudaram-me numa fase triste da minha vida, em que perdi uma pessoa a quem estava muito ligada.

Ler-te foi uma forma de te conhecer e respeitar.

Mas não estamos aqui, só para as coisas boas, pois não?


Ler as tuas tristezas é também uma forma de partilhares e aliviares as tuas dores. Não queres escrever ... ", ao receber este email da Maria, de que só apresento um excerto, confesso que os meus olhos se encheram de lágrimas...

Foto de autor anónimo


Para quem é tão positiva e optimista como eu, não é fácil falar de sentimentos tristes, especialmente quando englobam pessoas que me são muito próximas.

Mas a carta da Maria despertou em mim, não só uma necessidade latente de exprimir os meus sentimentos, como falar também de um “título”, que é por vezes, tão mal amado...

Confesso, que não foi amor à primeira vista. O seu olhar seco e sério manteve-me, a primeira vez, a uma certa distância.

Mas depressa descobri, que aquela era uma capa ilusória e que debaixo da sua aparência fria, encontrava-se uma Mulher, não muito habituada a carinhos e manifestações de sentimentos, mas que se preocupava com os outros.

Foi um caminho duro o que percorri até ela, ultrapassando algumas barreiras a que o facto, de sempre ter vivido numa pequena cidade, extremamente religiosa, fechada em si mesma, não foi alheio.

Uma ponte de afectos, começou a unir-nos, de tal forma que não passou despercebido a outros membros da família.

Numa base de confiança e sinceridade, a que o respeito mútuo não era alheio, passei a ver nela, uma confidente e amiga.

Após a morte do marido, os nossos laços estreitaram-se e recordo, com uma certa ternura, aquela vez em que, como habitualmente, lhe telefonei; a sua voz era tão estranha, que de imediato galguei sem dizer nada a ninguém, os quase quarenta quilómetros, que separavam as nossas casas.

Encontrei-a com uma série de fotografias espalhadas na cama e o rosto completamente em lágrimas.

Estou tão só... ” e as suas palavras caíram fundo dentro de mim.
Não está só. Nunca estará. Eu estou aqui consigo... ” e mantive a minha palavra, até ao seu minuto final.

Durante anos, fomos companheiras de horas boas e más.

Nem tudo foi perfeito, mas respeitávamo-nos e o afecto que se estabeleceu entre nós, ultrapassou muitas barreiras.

Não foi fácil, para mim, assistir à degradação física que a doença lhe provocou e quero manter a lembrança da Sogra vigorosa que conheci...


"Ninguém morre quando fica vivo no coração de alguém".



20.01.1922 - 27. 01.2008


Maria era o seu nome...